quinta-feira, 23 de dezembro de 2010

Nutrição artificial no ambulatório



Nutrição artificial no ambulatório: Programa nacional permitiria reduzir custos e melhorar qualidade de vida – especialista

Porto, 14 Abril (Lusa) – Portugal é o único país da União Europeia que não dispõe de um programa de nutrição [artificial] no ambulatório, um projecto que permitiria reduzir os custos para o Serviço Nacional de Saúde (SNS), defendeu hoje, no Porto, o especialista Paulo Martins.
Este médico do Serviço de Medicina Intensiva do Hospital da Universidade de Coimbra (HUC), afirmou à Lusa que inúmeros doentes que precisam de suporte nutricional artificial ficam muitas vezes internados nos hospitais, consumindo recursos e ocupando vagas.
"Os doentes que necessitam deste tipo de tratamento sofrem de patologias que condicionam perturbações da deglutição, digestão e/ou absorção de nutrientes", disse.
O especialista, que falava no Porto no âmbito do X Congresso anual da Sociedade Portuguesa de Nutrição Entérica e Parentérica (APNEP), adiantou ainda que os doentes que dependem deste tipo de nutrição podem até ter alta, "mas a breve prazo regressam ao hospital por uma complicação, em regra infecciosa, condicionada pela malnutrição".
"É necessário mudar este cenário", defendeu Paulo Martins, acrescentando que a criação de um programa nacional de nutrição no ambulatório permitiria melhorar a qualidade de vida dos doentes ao mesmo tempo que libertava recursos e se reduzia o custo global para o SNS.
Segundo frisou, "a nutrição entérica é fundamental para a redução de complicações enquanto a nutrição parentérica é essencial para a vida".
Questionado pela Lusa sobre quantos doentes em Portugal precisam de nutrição [artificial] no ambulatório, Paulo Martins adiantou que não há um levantamento desse número.
"Perspectivam-se entre um e 100 por milhão de habitantes para nutrição parentérica" e "dois mil a quatro mil doentes por cada milhão de habitantes para a nutrição entérica", revelou.
Paulo Martins defendeu que o Estado deve comparticipar este tipo de nutrição, que deve estar disponível nas farmácias, em vez de apenas ser administrada nos hospitais.
O médico referiu que, por exemplo, a administração do Hospital de Faro, "consciente de que este é um problema", contratou uma empresa farmacêutica para distribuir diariamente, porta-a-porta, este tipo de nutrição aos seus doentes.
O médico lembrou que, desde 2001, a APNEP, em colaboração com a Associação Nacional da Industria Dietética (ANID), tem participado na discussão de um plano nacional de nutrição no ambulatório, mas que nada foi concretizado até agora.
Acrescentou que o projecto se encontra "na gaveta" da secretaria de Estado da Saúde.
"Pensámos que este projecto de nutrição no ambulatório seria contemplado no programa de cuidados continuados, implementado pelo governo, mas nada aconteceu", concluiu.




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