quarta-feira, 22 de dezembro de 2010

Nutrição Parentérica – quando devemos recorrer?

Pode dizer se que o recurso à nutrição parenteral se impõe quando a ingestão, a digestão e a absorção dos alimentos, ou a assimilação dos substratos alimentares, se encontra total, ou parcialmente, comprometidas.
É usado no campo da oncologia. A nutrição parenteral é indispensável nos doentes cancerosos desnutridos que necessitam de radioterapia ou quimioterapia, pois tem repercussões sobre eles podendo causas a interrupção do tratamento. Esta nutrição usada como adjuvante nestes tratamentos não só possibilita uma maior tolerância á terapêutica como lhe aumenta a eficácia.
Relativamente aos grandes queimados, a nutrição parenteral constitui um adjuvante terapêutico essencial com a finalidade de limitar o balanço nitrogeneraso negativo e de compensar, total ou parcialmente, as grandes perdas calóricas. Mas também se torna um problema complexo e delicado, não so sob o ponto de vista do controlo biológico, como da técnica de colocação dos cateteres e da sua manutenção sem complicações. Muitos destes podem se alimentar oralmente mas não em doses necessárias ao seu estado. Por isso, muitas vezes a nutrição parenteral é usada aqui como complementar. 
Nos politraumatizados, a nutrição parenteral está indicada em estados de coma, estados infecciosos graves, ileos prolongados e ainda em lesões abdominais.
Usa-se também a nutrição parenteral quando há a necessidade de deixar o tubo digestivo em repouso, como por exemplo nas doenças inflamatórias digestivas crónicas, nas enterites por radiação, nas fistulas digestivas, nas pancreatites agudas, entre outras…
A utilização desta nutrição nos insuficientes hepáticos e renais, gera alguns problemas particulares que ainda estão por resolver, exigindo a administração de misturas nutritivas específicas e uma rigorosa monitorização clínica.
Outro caso onde a nutrição parentérica é usada é em pediatria, quando os bebés nascem prematuros ou quando são recém-nascidos de baixo peso. Nestes casos a desnutrição pode associada a deficiências intelectuais futuras.
Resumindo, a nutrição parenteral é usada quando a nutrição entérica é:
-Insuficiente (queimados, politraumatizados ou em desnutrição pré-operatória grave);
- Indesejável (pancreatites ou fístulas);
- Ineficazes (sindromas de má absorção);
- Impossível (ressecções externas do intestino delgado).

Nestes casos, onde o fornecimento de nutrientes está comprometido e é necessário recorrer a via parentérica para resolve-lo, utilizam-se vários tipos de fórmulas, que podem conter a totalidade ou apenas parte dos nutrientes. Para as administrar no doente existem várias opções como:
- Métodos individualizados- adaptados para cada caso concreto; 
- Métodos padronizados- aproximados a um padrão de doentes.

No caso da nutrição parenteral individualizada existem 2 formulações:
- SB (single bottles)
- HCB (Hospital compounded bag)

Na opção SB, que é a mais antiga, é composta por vários frascos, cada um contendo um macronutriente (glicose, aminoácidos ou lípidos). Estes são administrados ao doente separadamente na quantidade pretendida, correspondente às suas necessidades nutricionais específicas. A sua administração é feita recorrendo a três linhas de infusão.
Na segunda opção, denominada de HCB, consiste em juntar numa bolsa única a quantidade que se pretende de macro e micronutrientes, a partir dos mesmos frascos utilizados no sistema SB, permitindo assim a administração através de uma única linha de infusão. As quantidades utilizadas são assim ajustadas exactamente às necessidades nutricionais de cada doente. Sendo esta uma preparação farmacêutica magistral que necessita de condições de esterilidade na sua preparação, por norma, ela é realizada nas farmácias hospitalares recorrendo a tecnologia e instalações adequadas.


No tipo de apresentação “3 em 1” ou “2 em 1”, os macronutrientes estão presentes em volumes e concentrações definidos (padrão), todos numa bolsa única, separados por uma barreira física (selo) que é quebrada apenas quando se pretende efectuar a mistura, momentos antes da administração.

Existem várias bolsas no mercado, de várias empresas farmacêuticas, com quantidades de macronutrientes diferentes, para assim se poderem adaptar a vários doentes com as mais diversas necessidades. As quantidades padrão existentes normalmente estão adaptadas a um determinado intervalo de peso.


Em relação aos “kits”, estes consistem em dois frascos com dois ou três
macronutrientes, consoante a marca comercial, que se conectam um ao outro através de um dispositivo de “transvaze”. Este dispositivo permite efectuar a transferência do conteúdo de um dos frascos para o outro, por vácuo, de forma a ficarmos com uma mistura final num frasco único. Os “kits” contêm também uma quantidade predefinida de macronutrientes, não permitindo grande flexibilidade.

A sua preparação inicialmente era feito nas enfermarias, mas fazia com que houvesse contaminação por microrganismos presentes no ar e nas superfícies, isto porque havia sempre a necessidade de efectuar suplementações com o recurso às vitaminas, electrólitos e
oligoelementos. Para minimização dos riscos de contaminação que se aconselha que a preparação de todo o tipo de medicamentos injectáveis deva ser efectuada na farmácia hospitalar porque a desinfecção e as condições de assepsia são as melhores, usando neste caso a câmara de fluxo de ar laminar horizontal, pois:
- evita que ao ar do exterior possa entrar na câmara;
- ar que entra passa pelos filtros, limpando;
- ar circula de dentro para fora evitando contaminações.




Sem comentários:

Enviar um comentário