É uma técnica de suporte nutricional artificial, cujo objectivo, é manter o estado nutricional correcto do paciente quando a via enteral é inadequada, insuficiente ou contra-indicada, que consiste na administração de quase todos os nutrientes por via intravenosa, ou seja, aplicação na veia, onde são administradas vários tipos de soluções consoante o caso ao qual é aplicado. Mas não se deve instituir em doentes que tenham qualquer hipótese terapêutica, ou seja, com expectativas de vida limitadas (menos de 3 meses). Normalmente é usada quando há uma disfunção gastrointestinal, quando precisa de ser evitada ou quando se torna perigosa, ou ainda em recém nascidos prematuros, cujo intestino ainda não está completamente formado e também em pacientes com o síndrome do intestino curto. A sua administração pode ser através de um acesso venoso central, ou por uma veia periférica e pode ser administrada como suplemento ou como forma única de nutrição.
Objectivos da NP
ü Adaptar as soluções da NP de acordo com as condições do paciente;
ü Manter ou repor a massa corporal magra, evitando ou corrigindo a desnutrição e as consequência;
ü Determinar as necessidades adequadas de calorias, proteínas, vitaminas e liquido para o paciente;
ü Prevenir ou corrigir todos os efeitos colaterais da nutrição parenteral;
ü Regular as perdas de líquidos e perdas estranhas conforme o necessário.
ü Evitar a sub-hidratação;
ü Prevenir deficiências de ácidos gordos essenciais e prevenir o uso excessivo de acido linoleico;
ü Prevenir o síndrome de re-alimentação;
ü Manter os procedimentos assépticos em todas as técnicas para a segurança do apoio nutricional;
Indicações da NP
ü Impossibilidade do uso das vias oral/enteral
ü Interferência de doença de base em ingestão, digestão ou a absorção dos alimentos
üImpossibilidade de absorver nutrientes pelo tracto gastrointestinal devido a uma ressecção intestinal maciça (> 70% delgado);
ü síndrome de intestino curto;
ü Doença inflamatória intestinal activa;
ü Desnutrição com doenças obstrutivas no tracto gastrointestinal alto em situações de pré-operatório;
ü Desnutrição com perda de massa corporal > 20%
ü Estados hipermetabólicos
ü Grandes queimados
ü Fístula entero-cutânea;
ü Impossibilidade de acesso enteral por obstrução intestinal;
ü Íleo paralítico prolongado;
ü Lesões várias ou infecção por traumatismo
ü Pacientes sépticos
ü Politraumatismo extenso
ü Pancreatite aguda
ü Condições pediátricas: prematuridade, má formação congénita do tracto gastrointestinal e diarreia crónica intensa.
Tem também indicações relativas, que depende de caso para caso:
ü Na diarreia severa por má absorção;
ü NA mucosite ou anorexia severa por quimioterapia;
ü Em radioterapia ;
ü Em cirurgias extensas com previsão de íleo paralítico prolongado por mais de 5-7 dias;
ü Em hemorragia gastrointestinal com necessidade de repouso gastrointestinal prolongado.
Desvantagens da NP
Intestinais
ü A NP a longo prazo conduz a uma atrofia da mucosa intestinal, situação reversível com a reintrodução na NE.
ü Modificações da flora intestinal; a ausência de nutrientes no intestino altera a flora bacteriana intestinal.
ü Alteração da permeabilidade da barreira intestinal, induzindo a migração de bactérias para outros locais;
Imunológicas
ü Diminuição de níveis de IgA, alterando o estado imunológico.
Económicas
ü Custos directos muito elevados, tanto pelo valor monetário da dieta parenteral, como do custo associado à sua preparação, administração, monitorização do doente e tratamento de possíveis complicações.
Componentes da NP
Os componentes da nutrição parenteral são:
ü Água
É o de maior volume, necessário para repor as perdas e transportar os outros componentes.
ü Glicose.
Utilizada na forma de soluções hipertónicas de glicose, geralmente a 50%.
ü Aminoácidos
Necessário para formar a proteína, utilizam-se soluções a 10%.
ü Lipídios
Utilizado preferencialmente todos os dias como fonte de energia, juntamente a glicose, apresenta-se em soluções a 10 e 20%– Eletrólitos.
ü Sódio
Na forma de NaCl a 20%.
ü Potássio
Na forma de KCl e fosfato ácido de potássio.
ü Cálcio
Utilizado em veia periférica para evitar precipitação do soluto.
ü Fósforo
Na forma de fosfato ácido de potássio.
ü Magnésio
Na forma de sulfato de magnésio.
ü Vitaminas
- A, B1, B6, B12, C, D, J, K.
ü Elementos minerais
- Ferro
- Zinco
- Cobre
- Cromo
- Iodo
ü Outros aditivos
Heparina , inibidores H2, etc.
Monitorização da NP
A monitorização é obrigatória e o paciente mais grave exige maior vigilância com o objectivo de prevenir complicações, aumentar e avaliar a eficácia.
Objectivo:
ü Detectar e prevenir complicações
ü Determinar se os aportes nutritivos estão a ser feitos de forma adequada
ü Documentar os benefícios clínicos positivos.
Periodocidade da monotorização depende vários factores:
ü Estado e evolução do paciente
ü Regime de nutrição
ü Duração
ü Tipo de complicações
Complicações na NP
Apesar de ser usada amplamente e de forma rotineiramente e baseada em princípios plenamente consagradas, a Nutrição Parentérica, não se mostrou totalmente desprovida de riscos.
As complicações geradas por este tipo de nutrição pode ser dividem-se em mecânicas, metabólicas e sépticas.
>Mecânicas:
-Pneumotórax;
-Hematoma local;
-Hemomediastino;
-Hemotórax;
-Hidromediastino;
-Enfisema subcutâneo;
-Trombose venosa;
-Embolia gasosa;
-Embolia de cateter;
-Colocação incorrecta;
-Arritmias;
-Obstrução do cateter;
-Hidrotórax
Nota: a maioria ocorre na tentativa de colocação do cateter na subclávicula, sendo raras na punção interna.
>Metabólicas:
-Hipo e Hipervitaminoses;
-Hiperlipidémia;
-Anemias;
-Hiperglicémia Coma hipoglicémico;
-Reacções psicóticas.
-Alterações hepáticas;
-Glicosúria;
-Acidose Metabólica;
-Hiperazotémia;
-Défice em ác.gordos essenciais;
-Hiponatrémia;
-Hipo e Hipercaliémia;
-Hiperclorémica;
-Hiperamnoniémia;
Nota: a maioria resulta de regimes não adequados para o doente em causa!
>Infecciosas:
É a mais frequente e potencialmente mais grave, mas é resolvida com a retirada do cateter.
Causada por:
-Stafilococus epidermidis;
-Stafolococus aureus;
-klebsiella pneumoniae;
-Cândida albicans.
Podem advir ou são potenciados por:
ü -Situação física apresentada pelo paciente;
ü -Meio hospitalar;
ü -Presença da desnutrição calórico-proteica;
Tem complicações como:
ü -Contaminação no ponto de penetração cutânea do catéter
ü -Contaminação das soluções (manipulação e conservação) e das linhas nutritivas
ü -Ocorrência de sepse por colonização do cateter.
Para evitar este problema técnicas de esterilização dos frascos e materiais, bem como uma técnica asséptica são necessárias.
CONCLUSÃO
Pode-se observar e concluir que a Nutrição Parenteral, se bem aplicada, é um recurso de extrema importância na manutenção e/ou melhora do estado de saúde dos pacientes de pequeno, médio e alto risco, seja em âmbito hospitalar quanto domiciliar.
A Nutrição Parenteral pode ser interpretada como terapêutica extremamente segura, quando seus procedimentos técnicos e de higienização são seguidos rigorosamente pelos profissionais. Caso contrário, é uma via directa à septicemia e um consequente perigo para a sobrevivência dos pacientes.
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